sexta-feira, maio 31, 2013

O INVASOR DE POMARES

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É o enterrante que aqui veste a vela,
E deixa-me o ar de eterno mourisco,
Enquanto nobreza, ainda corro o risco
De colher do teu jardim, a figura mais bela!

E se um espinho te machucou, apenas digo.
No teu pomar, de belo, só há esta fera;
Vejo teu brado longo, quão brava pantera:
" Não condenes toda a figueira por um figo!"


E assim, meus pés vão correndo os frutos caídos,
Como o arrastar das metáforas num chão de trabalho,
Que é o poema, todo de sentimentos vividos.

Abre-te o olho, olha-te o frio assoalho.
És milhares de pingos no céu, divididos.
Em tardes de sol que secam manhãs de orvalho!